17:31

Há horas que passam rápidas para muitos, mas para você, é como um fim de tarde, onde o sol se põe, levando a alma de mais um dia meio ausente. O verão aqueceu a janela aberta da sua casa vazia, onde o sol escolhe a terra a ser queimada, mas você o lembra das folhas mortas caídas pelo chão, que a água do mar ainda não levou. Existem pequenos detalhes que erram por aí, como os eternos dias que chegam sem a certeza de ida. O outono deixou o suave vento bagunçar as fotos e cartões que estavam caídos pela casa, traçando um caminho inexistente. Os pássaros preferem acreditar nos sinos tilintando, que nos hinos cantados pro alguém já falecido. Domingo é um dia ótimo para deixar as pequenas almas saírem de seu encanto e passearem por aí, talvez protegendo o que você chama de coisas apagas pelo tempo, que na realidade, é o seu não-amor. Existem momentos que não podemos recordar, jamais, porque estamos cegos pela noite sombria que tapa nossos olhos. O inverno fez as suas bonecas de porcelana quebrarem, da coleção destinada a uma futura senhora jovem. Mas as minhas mãos relembram as suas, tocando o vazio, no curto espaço de tempo que elas procuram por resposta. Nos meus desejos incompatíveis, os seus segredos soam para mim, no mesmo abraço apertado que estava cantando sinceridade. Existem palavras dispersas no oceano, que somente ele conhece e que só agora eu pude entender. Algumas vezes, o vento toca as janelas fechadas, enquanto eu, sentada, imagino onde estaria você. No fundo a alma acalma, deixando que o tempo conserte a roupa descosturada e o lençol que ainda me lembra você. Um pequeno ser se tranquiliza em mim, espantado por estar sozinho. Já são 17:31 e o sol está indo embora de novo, como as horas passam para você.