Um ser humano, por Maria Luiza.

O mundo me prefere com duas pernas, dois braços, dois olhos, um nariz, uma boca, mas não sei se isso é ser realmente humano. Sorrir cansa. Chorar desidrata. Mas o que mais cansa é procurar um sentido para esquecer que o mundo é mais que aparências e sorrisos. Eu sou inconstante, mas ser inconstante também cansa, porque ninguém se interessa com uma pessoa que chora a semana toda para ficar bem no mês seguinte. Até parece que é preciso ser feliz para sempre ou triste para sempre, para ser alguma coisa de verdade. Não quero mais essa realidade comum, porque na verdade, é essa que mais cansa. Tenho até medo de ler futuros escritos e deixados na prateleira de um ser sem prazer. Só em pensar o que vai ser de mim, já quero mudar e ser outra criatura. Algo novo e irreverente, para quebrar as regras do que é certo nessa vida. É cansativo seguir regras e viver na mesma rotina, desde que você nasceu até o dia em que irá morrer. Um dia, alguém vai ter que dizer “chega”. Para as coisas mudarem e o mundo realmente girar. Só sei que ando dedicando os meus dias para gente que talvez nem faça questão da minha existência. Vou fazer o que for preciso, para depois não precisar fazer nada. Fazer uma faculdade, pegar um diploma. Viajar e conhecer pessoas e lugares. Realizar sonhos e fazer besteiras. E continuando fingindo que eu acredito no poder da minha liberdade; que a vida é feita de sonhos.