Túnel.

Eu recomecei sozinha, do final do túnel, com olhos cansados e quase fechados. Está frio e escuro e eu estou mais uma vez com medo de me perder nesse sonho tão profundo, então, eu percebo que eu sou só uma luz que quer brilhar. Por que não a deixa brilhar? Nós somos o caminho do túnel vazio, nós somos alianças um com o outro, de felicidade e eternidade. Nós somos a vida e a morte. Perceba como estamos sozinhos no mundo. Essa vida é um lugar vago, ninguém encontra a saída, pois é infinitesimalmente sombrio. Movendo-me devagar até o final desse túnel de medo, eu finjo que não vou ver o outro lado quando ele aparecer para mim. Eu juro que não vou sentir o aroma de amor que está no ar, pois se estou nesse túnel é porque alguém me fez sofrer, mas que aos poucos desfaz tanta dor. Eu ando na lama, me arrasto pelo chão, procuro um coração, e só o que encontro é um longo caminho a percorrer, nesse túnel tão misterioso. Apenas deixe que minha luz enfeite o seu céu, quando não houver mais brilho e cor. Deixe-me brilhar. O mundo está me deixando para trás, mas não, sou eu que estou deixando esse mundo, deixando essa vida. Eu sou a melhor parte, eu sou a morte, sem dor. Você é a vida, comumente feliz e talvez por isso nada tenha dado certo entre destroços de entulhos que marcam o caminho de volta à vida. Você acredita nesse mundo? Eu só acredito que você é a minha única esperança e força, parte do que me faz forte. Ninguém ganha quando todos estão perdendo, então eu não posso correr até o final da morte, o túnel está sem saída e eu estou presa dentro de você, morrendo aos poucos, como palavras que foram apagadas só para esquecer lembranças que não eram para ser. A vida e a morte só podem ser distinguidas quando se tem algo a esperar.