Um sonho infinito de ser feliz.

O piano estava ao lado, jogado, empoeirado e solitário. As notas pareciam soar num timbre tão perfeito, sem ninguém tocá-lo. Konstantine havia chegado, em sua casa vazia, o interior era desbotado, sem cor, apenas branco. Tudo branco de novo. A melodia era boa, em perfeita sintonia, no ritmo de Konstantine. Ela não entendia o motivo de todo aquele som, era impossível decifrar esse pequeno mistério. Seria um pesadelo? Quando as luzes estão baixas, Konstantine desaparece em seus grandes sonhos, sonhos de música.

Com o tempo, torna a voltar à realidade, com os pés no chão, mas ainda assim mergulha mais profundo ainda nas ilusões musicais. Konstantine apenas gostaria de acordar em cima de trevos de quatro folhas, para não ver o futuro, quando ele chegasse. Então ela dizia à si mesma que o futuro era apenas uma interrupção do passado. Ah, como gostaria de poder tocar aquele piano, tão adorável. Mas por que era tão complicado? Por que ela não conseguia entender o motivo daquela tela protetora que dividiam Konstantine de um sonho, mais um sonho!

Toda a esperança que ela mandou para o céu talvez já tenha acabado. Talvez ela tenha mesmo medo de descobrir que está sozinha e sem nada ao seu redor. Sem lugar para viver e nem ninguém para dividir emoções, que há muito se tornaram parte de um passado distante; tudo o que Konstantine tinha e sempre levava consigo, eram as notas musicais que lhe dariam a vida novamente.

Impacto profundo. Konstantine percebeu seu presente, e voltou a olhar o piano. No fundo, ela está morrendo nos braços de um outro alguém. O relógio marcava 23:23 e Konstantine atuava em seu mundo, como uma peça de teatro, em que apenas dois interpretes incorporavam todo o núcleo: Konstantine e o misterioso piano, que alguém marcara como impossível. Porque todos nós precisamos de um sonho para viver.

Deixou repousar as belas notas musicais em papeis que somente ela poderia entender. Doce Konstantine.