Essa ilusão

Essa ilusão começa com um pleno “oi”, uma resposta solta pelo ar, um sorriso no lábio no interior da sua face. É mais que amor, é mais que morrer de amor. Para morrer de amor é preciso não querer morrer e isso eu não sei mais o sentido. Por algum instante eu acho que morri, mas a minha carne continuava forte o bastante para te perseguir e poder sonhar com uma verdadeira história, onde cada um seguia seu caminho, mas o final era feliz. Eu não quero nem vou me iludir, o que estiver destinado a acontecer, que aconteça, mas por favor, aconteça logo. Estou em transe, meus pés não alcançam mais o chão, meus olhos não brilham e o que eu vejo no espelho não passa de uma imagem imperfeita em um espelho embaçado. Por causa da minha dor estou caindo aos poucos e tornando curta a ligação com a alma afobada. Estou dirigindo devagar por sobre a neve. Eu sei que a ilusão logo me tomará por completa, porque não resta nada além de nós dois e a esperança. O violão ficou ao lado, na parede velha da casa escondida. Não acho que esteja amando; prefiro um sonho à incerteza. Tudo o que podemos ouvir não entra nos ouvidos, certamente está tudo ultrapassado, até mesmo esse sentimento socado no peito. Sei que algum dia, em algum lugar, você me pedirá para aguentar mais uma vez, mais do que eu não posso suportar. Eu odeio esse desfecho em que eu tenho que continuar como se nada estivesse errado. Mas não há mais tempo para mentir. Posso ver o final da tarde nos seus olhos penetrantes na minha mente. Basta encontrá-los.