Sem fim

Havia cartas, cartas e mais carta, havia flores, havia telefonemas em seu celular, havia vida depois disso tudo, havia amor, o mais forte e importante de tudo. Eu chorava por desilusão, não por desgosto. Nunca pude te prender a nada; mas no fundo sentia que deveria colocar-te correntes, o único jeito de ser verdadeiro. Eu procurava entre tudo e todos, o melhor sentimento, a melhor palavra, a melhor expressão, mas isso não bastava. Ainda me pergunto por que. Dizia eu te amo, sussurrando, mas dizia, só para ouvir de sua boca palavras sinceras, mas não era nada além de: eu também. Como pude imaginar tanto amor em um só ser? O que eu menos esperava era que fosse embora; e foi, rapidamente, sem ao menos perceber. Cuidado com o que diz, ouve ou faz; as paredes têm olhos e bocas e eu estarei aqui, imperceptível mas presente. Feche as cortinas, os olhos, a vida. Desapareça juntamente com a amargura de seu ser.