Luz e riscos

Você que desenha meu caminho e que me faz guardar cada suspiro embaixo do colchão misterioso, faça-me ouvir seus gritos de alegria que se escondem por baixo desse chapéu descontraído, onde um sorriso místico e inconsolável paira na perfeição de sua face. Seu mundo ainda tem esperança de cada carta que eu não mandei, que me aproxima de cada linha que risca meu olhar; na aquarela que transige o meu céu. Percebi que o valor da vida é idolatrar o que é colorido, o que é verdade; o risco que curva meu domínio, a aliança que há entre mim e um desastre mirabolante. Seus dedos desenham vida, tocam as estrelas e com a ponta de cada ternura feita, acalma as minhas cicatrizes. O seu choro abre as minhas feridas e torna infernal a luz que emana da imensidão. Seu suspiro tem sido por longas datas minha segurança, de onde me escondo sem dor. Tenho receio de sua partida, pois minto que não vejo. Atravesso o deserto sozinha, apenas para unir as partes sensíveis da minha queda que foi acolchoada pela minha distração, sem mais graça, só nas garras do destino. O tempo leva, inconsciente e embriagada, as dores do meu silêncio que imortaliza os guizos aterrorizantes do meu pesar.