O medo e as cores

Aos poucos perde a cor, desaparece de vez, como o brilho dos meus olhos, como a vida que desencantou. Lentamente o mundo pára, somente para se auto-descolorir. A felicidade é tão passageira e o amor mais ainda. O vermelho que antes era no meu coração, agora escorre nos meus olhos, como lágrimas de sangue. Vai perder a cor e desaparecer de vez; uma vida preta e branca possa ser melhor que uma colorida, junto com você aqui, comigo. As pequenas coisas que levo comigo desapareceram, aqui não há mais nada além de osso, que luta para se sustentar em pernas bambas, quase dormentes, por causa do não-amor. Descoloriu e acabou. Até que o fim esteve mais próximo que o esperado. Assim como tudo que me fez feliz. O último resquício de futilidade, em todos os meus dias de fantasias. Eu pertenço a você e talvez seja complicado para mim, te tirar do pensamento. Diga-me até quando essa escuridão tomará conta do meu ser. Somente as cores podem mudar esse modo violento de dizer adeus a tudo que me trai. Primeiro o preto, depois o que estiver por vir.